domingo, 21 de outubro de 2007

Novos Tempos

O olhar do futebol brasileiro não é muito atento, tampouco complacente, com os que atuam na defesa. Muito pelo contrário. O passado tem exemplos de quem joga do meio de campo para a frente e o elenco do pessoal que passou a vida dando dribles, toques de efeito e marcando gols não cabe num espaço limitado. Pois está mais do que na hora de prestarmos atenção na dupla de zagueiros da Seleção Brasileira. Não é de hoje que Juan e Lúcio e Lúcio e Juan formam a melhor parelha de beques com a camisa verde e amarela nos últimos tempos.


Do naufrágio na Copa do Mundo, eles foram os únicos que se salvaram com a luxuosa companhia do Zé Roberto. De lá para cá, nas ocasiões em que atuaram juntos, os dois não deram dor de cabeça ao técnico que dava plantâo à beira do campo ou aos torcedores diante da televisão. Têm estilos absolutamente dsintintos, mas absolutamente compatíveis também. O Lúcio, que não tem mais nenhum parentesco com o zagueiro temperamental e precipitado de outras épocas, mostra mais serenidade e como faz bem ter a companhia de um zagueiro técnico, refinado na maioria das vezes, e inimigo do pontapé.



Há tempos, precisamente desde Aldair e Márcio Santos, nos Estados Unidos em 94, que a Seleção Brasileira não apresentava jogadores tão consistentes. Os elogios se acumulam com a mesma quantidade que eles rebatem bolas e diminuem o batimento cardíaco dos torcedores sempre que o Brasil é atacado. Não é muito comum para o torcedor olhar zagueiros. Fala-se deles mais quando falham. Não pensem que é algo pessoal com o fato de o sujeito ter escolhido jogar na defesa. Passa muito mais pela vocação ofensiva que está na corrente sanguínea do brasileiro, embora muitas transfusões tenham sido feitas nos últimos tempos.



Só que Juan e Lúcio ou Lúcio e Juan conseguiram entrar num outro estágio. Não dá para esperar de um ou outro o chute do Kaká; o passe para dar torcicolo do Ronaldinho Gaúcho ou o drible que pinça o nervo ciático do Robinho. Mas se pode - e eles comprovam na pratica - que os sustos diminuíram. Ainda bem.

Por Paulo César Vasconcellos

Isento em 2006, Juan mira campeões de 94 e 02 como exemplos


A dupla de zaga Juan e Lúcio foi desfeita na Copa América porque o segundo estava machucado e não viajou para a Venezuela. Mas agora está de volta nas eliminatórias. E novamente como unanimidade. Isento na decepcionante campanha da Copa do Mundo de 2006, assim como o seu companheiro, Juan mira os campeões de 1994 e 2002 para ter vida longa na seleção brasileira."No Brasil sempre foi assim, os zagueiros são os mais criticados. Mas isso aos poucos está mudando, principalmente na seleção brasileira. Em 1994 e 2002, quando a seleção conquistou a Copa, por exemplo, todos os defensores foram bem", comentou Juan, agora zagueiro da Roma, da Itália.As duas defesas citadas por Juan, aliás, tiveram ótimas campanhas. No Mundial dos Estados Unidos, Aldair e Márcio Santos viram o Brasil levar apenas três gols na competição. No ano do pentacampeonato, no Japão, o trio formado por Lúcio, Edmílson e Roque Junior foi vazado apenas em quatro oportunidades.
"Eu nunca escondi de ninguém que o Aldair sempre foi uma referência para mim. Foi um grande zagueiro e eu me espelhei muito nele", declarou Juan.
No ano passado, na Copa do Mundo da Alemanha, Juan também formou a dupla de zaga com o pentacampeão Lúcio. E com apenas dois gols sofridos, um para o Japão e outro no jogo da eliminação para a França, saíram da competição como um dos poucos destaques do time de Parreira ao lado de Zé Roberto.
Os três foram poupados das severas críticas ao restante do elenco, principalmente os veteranos, acusados de soberba e falta de comprometimento. Tanto que Juan e Lúcio não deixaram de fazer parte da lista do técnico Dunga, responsável pela renovação na seleção brasileira.
O primeiro desafio oficial da dupla Juan-Lúcio depois da Copa do Mundo acontece neste domingo, contra a Colômbia, em Bogotá, pela partida de estréia das eliminatórias para o Mundial de 2010, na África do Sul.

Eliminatórias da Copa 2010 - 1ª e 2ª Rodada


[14.11.07 - 17.11.07] Zagueiros comemoram invencibilidade nas primeiras rodadas, contra Colômbia e Equador
Se a camisa nove, que por muitos anos foi solução, passou a ser dúvida na Era Dunga, a zaga da seleção brasileira, até pouco tempo contestada, hoje é unanimidade no país. Invicta após as duas primeiras rodadas das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, a dupla formada por Juan e Lúcio segue incontestável. Entre os poucos poupados após do fiasco na Copa da Alemanha, os dois zagueiros arriscam uma explicação para a boa fase, mas não se iludem com a calmaria.
- A equipe está compacta e isso com certeza ajuda bastante. Toda a seleção funciona, o que me deixa muito contente. Temos que continuar da mesma forma, com críticas ou não. Vamos manter os pés no chão, porque a gente que, se por acaso, a gente não jogar bem as críticas irão voltar. O nosso entrosamento está ajudando bastante. O que importa é estar fazendo o melhor pela seleção e espero que assim continue - afirma o capitão Lúcio.

Exportação elevou o nível técnico dos jogadores

Para Juan, a recente safra de defensores exportados para a Europa fez com que o país passasse a ser reconhecido também por evitar gols, e elevou o nível técnico da posição.
- Quem acompanha o futebol europeu sabe do bom momento que os zagueiros brasileiros têm vivido. Não somente eu e o Lúcio, mas também o Naldo, o Luisão, entre outros. Todos estão muito bem em seus clubes e isso dá um leque muito grande de opções para o Dunga.
Além do Brasil, Argentina, Paraguai e Colômbia também não sofreram gols na abertura da competição.


terça-feira, 16 de outubro de 2007

Premiações da Temporada - Parciais

Seleção do Campeonato L!

Breno [SPO] - Média 6,5
Miranda [SPO] - Média 6,3

Bola de Ouro Placar

3º Breno [SPO]
Média - 6,27
Jogos - 22



Bola de Prata Placar

1º Breno [SPO] .Média - 6,27 / .Jogos - 22
2º Thiago Silva [FLU] .Média - 6,07 / .Jogos - 23
3º Chicão [FIG] .Média - 6,03 / .Jogos - 19
4º Miranda [SPO] .Média - 5,95 / .Jogos - 28
5º Juninho [BOT] .Média - 5,9 / .Jogos - 25

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Entrevista com Breno



Revelação e destaque do Brasileiro, jovem zagueiro mostra maturidade




O zagueiro Breno está em alta no São Paulo. Aos 17 anos, o garoto subiu no conceito do técnico Muricy Ramalho, e está crescendo de produção a cada rodada. Animado com a boa fase, mas afirmando que tem muito a evoluir no futebol, ele afirma que procura se espelhar no ídolo são-paulino Diego Lugano, que chegou desacreditado no Tricolor, virou ídolo da torcida e deixou o clube debaixo de aplausos para atuar na Turquia.

. No esquema tático 3-5-2 utilizado pelo Muricy Ramalho no São Paulo, sempre que você é utilizando, a sua função é ficar na sobra. Você gosta de atuar assim?

BRENO - Eu gosto de jogar na sobra. Inclusive, é a mesma função que o Lugano exercia no São Paulo. Eu procuro me espelhar nele, que fez muito sucesso no clube. A diferença é que tenho mais facilidade para sair para o jogo, enquanto ele ficava mais na defesa.

. O Muricy Ramalho, assim que o promoveu para o elenco profissional, pedia sempre para você jogar com mais simplicidade. As broncas continuam as mesmas ou você já está jogando o futebol que o treinador exige sempre?

BRENO - As broncas diminuíram bastante. O Muricy parou de pegar no meu pé. O treinador agora me pede apenas mais tranqüilidade. Mas tenho ajudado ao jogar com simplicidade, sem tentar inventar.


. A sua preferência é sempre pelo esquema 3-5-2 ou você gosta de atuar no 4-4-2?


BRENO - Eu prefiro sempre jogar no 3-5-2. O São Paulo está acostumado a jogar assim e a defesa fica mais protegida. Além disso, sempre abre uma vaga a mais para um zagueiro.

Os companheiros de defesa já estão acostumados a jogar ao seu lado?

BRENO - Já estão. Mas o Miranda, André Dias, Alex Silva e o Edcarlos têm mais experiência e sempre procuram me ajudar. O Miranda vive brincando comigo. Ele diz: 'Você precisa jogar como o Breno e não pensar que é o Miranda'. As gozações acontecem sempre.

. Você, assim como a maioria dos jogadores jovens, pensa em atuar na Europa?

BRENO - Eu tenho apenas 17 anos e muito a aprender no futebol. Preciso me firmar no time titular, ganhar títulos no São Paulo, e me tornar ídolo da torcida antes de pensar em atuar na Europa. No momento, o meu pensamento está apenas na conquista do título brasileiro.

.Como começou a jogar futebol? Sempre foi zagueiro?

BRENO - Morava em Cruzeiro (SP) quando moleque, mas comecei a estudar em Lavrinhas e me destacava nas aulas de Educação Física. Passei a jogar no clube da cidade. Depois fui levado para fazer um teste no Boavista ainda como volante. Mas uma semana depois, me colocaram como zagueiro, pela altura e porte físico. Aos 14, fiz um teste no São Paulo e fiquei.

. Você tem 17 anos e já é titular de um grande clube, prestes a ser campeão brasileiro. Como foi ter que se adaptar à rotina de um adulto? Sente muita falta da liberdade de um adolescente, que gosta de sair à noite com os amigos e namorar?

BRENO - Na verdade, precisei me adaptar muito mais cedo, porque com 12 anos deixei meus pais para morar sozinho. Amadureci aos poucos. tenho consciência da minha responsabilidade. Não sinto falta de ir para a balada porque nunca fui de sair à noite. Gosto de ir ao shopping, comprar roupa, ou ver TV e ficar na Internet. Namoro há seis meses, mas ela entende a minha rotina. Trocar a adolescência pela carreira valeu muito, pois nunca pensava que com 17 anos estaria aqui no São Paulo, que sempre foi meu clube de coração.

. Quem cuida da sua carreira? A família ajuda?

BRENO - Tenho empresário, mas meus pais (Cláudio e Maria) vieram morar comigo, me ajudam demais. O sonho da minha mãe era ter uma casa, e dei um apartamento para ela no Guarujá, além de um carro pro meu pai. Tenho ainda um irmão, de 20 anos, que faz faculdade de direito. Eu não penso ainda em fazer faculdade, mas quero terminar a escola (parou no terceiro ano do ensino médio).

. Você deu um carro pro seu pai, mas está perto de completar 18 anos (no próximo dia 12) e vai poder ter o seu próprio. Já aprendeu a dirigir? E o modelo do carro, escolheu?

BRENO - Ainda estou escolhendo o carro, mas já sei dirigir, só estou esperando completar 18 para tirar a carta de motorista. Aprendi pegando o carro dos amigos e da namorada para treinar.

. Dos titulares, você é o caçula. Quem do elenco pega mais no seu pé por sua pouca idade? Sofre com as brincadeiras?

BRENO - Ah, o time inteiro pega no meu pé. Quem brinca mais é o Miranda. Todos falam que sou juvenil, que não tenho 17 anos, pois pareço ter 24. Já me acostumei (risos).

. Tem algum ídolo no futebol, ou um conselheiro?

BRENO - Não tenho ídolos, mas admiro muito o Lugano, que sempre me deu força quando esteve aqui. Até hoje ele manda e-mail pro assessores do São Paulo falando bem de mim. Há dois meses ele fez uma visita ao grupo e me chamou para conversar, deu muitos conselhos, disse para eu jogar meu futebol que logo iria me destacar.

. Muricy sempre falava que você tem que jogar como o Breno, e não achando que é outra pessoa. Ele dizia isso para manter seus pés no chão?

BRENO - Sim. No meu primeiro dia de treino no profissional, no Morumbi, ele falou que eu estava subindo pela qualidade, mas tinha que manter a humildade e continuar sendo o mesmo que jogava na base. Nos cinco jogos iniciais, ele dizia nas preleções que eu não tinha que pensar que já era outro jogador. Mas fomos pegando confiança um no outro e hoje ele não fala mais.

. E qual foi teu melhor momento como profissional até agora?

BRENO - Fora de campo, foi quando o Muricy pegou minha confiança e me colocou para jogar. Dentro de campo, foi o golaço contra o Santos (o São Paulo venceu por 2 a 1, em setembro no Morumbi).

. Apesar da pouca idade, você teve a oportunidade de jogar em La Bombonera e marcar o Palermo, do Boca Juniors (pela Copa Sul-Americana). Como foi?

BRENO - Gostei demais de jogar em La Bombonera. Só o campo que estava escorregadio para nós, que usamos chuteiras de travas. Se fosse aqui no Morumbi, não tomávamos aqueles dois gols do Palermo pelo alto. Mas, em casa, fizemos o nosso papel, jogamos com calma. Todo atacante dá trabalho. Quando jogou em sua casa, o Palermo foi humilde, mas aqui nos desentendemos um pouco em campo. Ele deu uma provocada para forçar um cartão para mim, mas isso é normal do jogo.

. Este é teu primeiro ano como profissional e o primeiro título está cada vez mais perto. Ainda dá para segurar o grito de campeão?

BRENO - Existe a expectativa pelo título, mas é preciso ter calma, pois nada está definido. Cada jogo agora passa a ser uma final. Só poderei falar que sou campeão quando isso estiver comprovado com números.


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